Lilja 4-ever - Dir - Lukas Moodysson - 2002

O sueco Lukas Moodysson despontou no cinema alternativo mais ou menos por volta de 1998 com seu primeiro grande filme chamado Fucking Amal, um romance inocente de pré-adolescentes que vivem em uma cidade obscura nos confins da Suécia, foi através deste filme inclusive que descobri o diretor e fui cativado pela escolha dos atores e atrizes, locações, trilha sonora e textura do filme. O cinema de Moodysson é muito característico, fácil de reconhecer. Apesar de existir uma crueza e amargura nas vivências dos personagens, existe um toque de calor humano em meio ao frio, em meio as tristezas. Em Fucking Amal isso é bastante nítido, mas o mesmo não se repete em Lilja 4-Ever (Para sempre Lilya no Brasil). Quatro anos depois de seu primeiro sucesso, o diretor desceu para níveis intensos de crueza e visceralidade ao contar a história de Lilja, uma garota de 16 anos que morava em um subúrbio pobre da União Soviética, e que ao descobrir que sua mãe que mudou-se para os Estados Unidos para viver com seu novo marido não irá lhe mandar nenhum dinheiro por correio e nem mesmo sinal de vida, só lhe restará se mudar para um lugar mais pobre ainda, sem nem mesmo luz. Seu único amigo, um garoto de onze anos que vaga por entre os prédios abandonados e obscuros daquela região melancólica lhe da o que pode como suporte em seu momento de dificuldade. Uma oportunidade aparece enfim para Lilja quando sua atual paixão, Andrei a convida para tentar uma vida melhor na Suécia com promessas bastante tentadoras.

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Nenhum plot de Lukas Moodysson é grandioso, trata sempre de pequenos casos, de situações pessoais, particulares e emocionais, e é neste filme que obtém seu potencial máximo em termos de causar dor emocional. A combinação perfeita da fotografia pós apocalíptica de uma União Soviética deplorável, o frio, a pobreza e o desconforto ganham contrastes intensos nessa obra. Não é o tipo de filme que se pode esperar final feliz e isso fica claro desde o começo, mas ainda assim é inevitável torcer por Lilja, para que consiga uma vida melhor. Lilja 4-ever deu início a uma fase melancólica do diretor, que seguiu-se por A Hole in my Heart de 2004 e Container de 2006, ambos pesados e angustiados. Fica claro também a preferência do cineasta em trabalhar em histórias difíceis e sofridas da fase da adolescência, e isso se dá em toda sua cinematografia.

Deixo aqui um video clipe feito com cenas de Lilja 4-Ever para vocês, infelizmente não achei nenhum trailer com uma qualidade ao menos aceitável. Caso alguém já conheça o filme eu adoraria conversar a respeito, fiquem a vontade para comentar. E obrigado desde já pelo voto!