The day I decided to rescue a horse // O dia que eu decidi resgatar um cavalo

Today my daughter accessed my Google Photos and I saw that she was looking at pictures of Estrela, our mare that we took care of for such a short time, and that even today I can't talk very well about her.

When I touch on this subject I get very irritated, and that is a trait of my personality that I hate to admit and try to change since I was born (I get angry when they touch on a subject that I have not yet "digested").

In mid-April of last year, I saw a post from a girl who found a fallen, malnourished, and badly injured mare on the side of a road.

I never had any experience with horses, although I grew up in a place where I always had, but they were not ours, so I never even walked on one.
But as I felt touched by the situation, I sent a message to the girl and to a staff of an ONG here that if they could get the animal to be transported, I would bear the cost of treatment, food, etc.

And the transport was not easy, several people made themselves available but no one came to pick her up. And to transport an injured horse requires great care because any mistake can literally end up killing. Even more in the situation she was in.

But simply rescuing a horse on the side of a road is not like rescuing a dog or a cat, because that mare had an owner, and we couldn't take her from him without justification under the law.

As I worked in practically two jobs at the time, this legal part was the staff of the NGO who went after it and got a temporary custody in my name. Until then they hadn't found out who the owner was until they found the person responsible through an anonymous tip.

In the meantime they took the mare to my father's farm and I got treatment from a veterinarian friend. She had an infection in one of her legs, malnourished and with worms. She had a lot of fever due to the infection but she ate very well and was responding to treatment.

When they went to the property that they had denounced, they found approximately 8 animals living in the same conditions, very malnourished, eating their own shit for lack of nutrients. They made the complaint but were unable to proceed because the owner also lived in extreme poverty, and, according to him, he bought those horses at a very low price, fed as he could, medicated, and sold at a higher price. It seems pointless, but they couldn't do anything about it.

That's why we focused on treating the mare that was with me and another horse that was almost dying.

The weeks went by and as I worked a lot, I didn't have much time to pay attention, but every day after work I would see her, apply the medication and see how she was doing.

And I was responding very well. Even sitting by a lake and never getting up. Even tying ropes, trying to force her to get up, she didn't react. She only moved from the neck up.

I took three vets to see her and no one understood why. The fever had gone down, she responded to the medications, but she wouldn't get up!

One Saturday, when I was arriving at my father's farm, I saw some vultures surrounding her and I thought she had died. But no, she stayed the same way and I didn't have the courage to sacrifice. Was it so much struggle for nothing?

Until I found the contact of a veterinarian friend of my family who specializes in horses and he was willing to go that same Saturday to see her, free of charge... And when he looked at her, he already knew the cause, no expensive tests, nothing: Equine Protozoan Myeloencephalitis. A rare disease that degrades the animal until it is motionless; and all the other symptoms she had were of that disease. It was probably abandoned for that!
She has treatment, but not at the stage she was in ... If the other vets had found out earlier, who knows ...

I couldn't stand to see her suffer anymore, the vet said it would be more worthy to sacrifice her, because a horse that spends a few hours lying down already has damage to its body, imagine days... weeks! However, he did not prescribe medication for euthanasia and I could not find anyone else who would prescribe that Saturday. I talked to farmers but no one would supply without a professional's prescription; I even tried to get a gun! But no one was willing.

So I did what I could: I bathed her, let her eat her favorite food, we dragged her under a cover, gave her a lot of affection and talked a lot with her.
It stayed like that for another two days. On the last morning, before going to work, I went to check on her, cuddle, talk and apply medication. I sat next to her head and she was very impatient, she was rubbing her muzzle on my stomach and didn't want to eat.
We said goodbye and went to work. Around 11 am she passed away.
And our story together was this, so short, but very intense.

Forever our Star. <3

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Hoje minha filha acessou meu Google Fotos e eu vi que ela estava vendo as fotos da Estrela, nossa égua que cuidamos por tão pouco tempo, e que até hoje eu não consigo conversar muito bem sobre ela.
Quando toco nesse assunto fico muito irritada, e isso é um traço da minha personalidade que eu odeio admitir e tento mudar desde que nasci (fico irada quando tocam em um assunto que ainda não digeri, por assim dizer).

Em meados de abril do ano passado, vi uma postagem de uma moça que encontrou uma égua caída, desnutrida e muito machucada na beira de uma estrada.

Eu nunca tive experiência nenhuma com cavalos, apesar de ter crescido num sítio em que sempre teve, mas não eram nossos, por isso nunca nem sequer andei em cima de um.
Mas como me senti tocada pela situação, mandei mensagem para a moça e para um pessoal de uma ONG daqui que se conseguissem o transporte do animal, eu arcaria com o custo do tratamento, alimentação etc.

Mas o transporte não foi fácil, várias pessoas se disponibilizaram mas ninguém foi buscá-la. E para transportar um cavalo machucado exige muito cuidado porque qualquer erro pode terminar de matar, literalmente. Ainda mais na situação que ela estava.

Porém, simplesmente resgatar um cavalo na beira de uma estrada não é como resgatar um cachorro ou um gato, porque aquela égua tinha algum dono, e não poderíamos tirar ela dele sem justificativas, perante a lei.

Como eu trabalhava em praticamente dois empregos na época, essa parte jurídica foi o pessoal da ONG que correu atrás e conseguiram uma guarda provisória no meu nome. Até então não haviam descoberto quem era o dono até que através de uma denúncia anônima acharam o responsável.

Enquanto isso levaram a égua para o sítio do meu pai e nisso consegui o tratamento com um veterinário amigo. Ela estava com uma infecção numa das patas, desnutrida e com vermes. Tinha muita febre por conta da infecção mas se alimentava muito bem e estava respondendo ao tratamento.

Quando foram na propriedade que haviam denunciado encontraram aproximadamente em torno de 8 animais vivendo nas mesmas condições, muito mal nutridos, comendo a própria merda por falta de nutrientes. Fizeram a denúncia, mas não conseguiram seguir adiante porque o dono também vivia na pobreza extrema e, segundo ele, ele comprava aqueles cavalos por um preço bem baixo, alimentava como podia, medicava e vendia por um preço maior. Parece sem sentido, mas não puderam fazer nada a respeito disso.

Por isso nos concentramos no tratamento da égua que estava comigo e de mais um cavalo que estava quase morrendo.

As semanas se passaram e como eu trabalhava muito, não tinha muito tempo de dar atenção, mas todo dia depois do trabalho eu ia ver ela, aplicar a medicação e ver como estava.

E estava respondendo super bem. Até sentar-se perto de um lago e não levantar mais. Mesmo amarrando cordas, tentando forçá-la a levantar ela não reagia. Somente se mexia do pescoço para cima.

Levei três veterinários para vê-la e ninguém entendia o motivo. A febre havia baixado, respondeu aos medicamento, mas não levantava!

Num sábado, quando estava chegando no sítio do meu pai, vi uns urubus cercando ela e achei que havia morrido. Mas não, permanecia no mesmo jeito e eu não tinha coragem de sacrificar. Foi tanta luta para nada?

Até que encontrei o contato de um veterinário amigo da minha família especialista em cavalos e ele se dispôs a ir naquele mesmo sábado ver ela, sem cobrar consulta... E quando olhou para ela já sabia a causa, sem exames caros, sem nada: Mieloencefalite Protozoária Equina. Uma doença rara, que vai degradando o animal até ele ficar sem movimentos; e todos os outros sintomas que ela tinha eram dessa doença. Provavelmente foi abandonada por isso!
Tem tratamento, mas não no estágio que ela se encontrava... Se os outros veterinários tivessem descoberto antes, quem sabe...

Eu não aguentava mais ver ela sofrer, o veterinário disse que seria mais digno sacrificá-la, porque um cavalo quando passa algumas horas deitado já tem danos em seu corpo, imagina dias... semanas! Porém, ele não prescrevia a medicação para a eutanásia e não encontrei ninguém mais que prescreveria naquele sábado. Conversei com donos de agropecuárias mas ninguém forneceria sem a prescrição de um profissional; tentei até conseguir uma arma! Mas ninguém se dispôs.

Então fiz o que pude: dei banho nela, deixei comer a comida predileta, arrastamos ela para debaixo de uma cobertura, fiz muito carinho e conversei bastante com ela.
Ficou assim durante mais dois dias. Na última manhã, antes de ir trabalhar, fui ver como ela estava, fazer carinho, conversar e aplicar uma medicação. Sentei perto da cabeça dela e ela estava muito impaciente, esfregava o focinho na minha barriga e não quis comer.
Nos despedimos e fui trabalhar. Por volta das 11 horas da manhã ela faleceu.
E nossa história juntas foi essa, tão curta, mas muito intensa.

Para sempre nossa Estrela. <3

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_{Posted via proofofbrain.io}