#DICIONÁRIO DA MÚSICA# - "Everyday Life": Novo álbum da banda Coldplay.

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Após um período de quatro anos sem lançar um novo álbum (o último foi A Head Full Of Dreams, lançado em 2015), a banda britânica que é uma das mais populares e mais conceituadas no mundo fonográfico, está de volta e mostra um grande e importante espírito de renovação sonora no seu jeito de se comunicar com o público através de suas músicas (ainda que se beneficie das mesmas melodias para continuar mantendo o seu trabalho relevante).

Spin

Everyday Life foi lançado ontem e chega trazendo uma verdadeira imersão pelos mais diversos tipos de incursões e garante uma verdadeira viagem musical extremamente calma e reconfortante para os ouvintes ao apresentar texto budista, country melódico, rapper belga e arranjos gospel (entre várias outras novidades) como principais atrativos harmônicos ao longo de suas novas canções, que por sinal... Contam com músicos da Nigéria e do Paquistão.

Faixa à faixa, as músicas (que continuam sendo muito bem escritas e mantendo um alto grau reflexivo para os ouvintes mais atentos) vão revelando suas instigantes particularidades cheias de simbolismos que não fazem a menor cerimônia em gritar para todos os lados o quão diferentes e envolventes elas são em suas essências e principalmente nas mensagens que querem transmitir. É realmente um trabalho muito bonito de ser ouvido porque se esforça para apresentar e reapresentar conceitos que deveriam ser rotineiros na vida das pessoas.

Man on the Moon

Em síntese, pode-se dizer que as ótimos e pertinentes mensagens contundentes de paz e amor (regadas a muitas críticas sociais com um teor mais incisivo e abrangente, como se estivesse "recrutando" o ouvinte para uma batalha) representam os pilares que sustentam esse novo trabalho. Dentre as temáticas mais urgentes (e que são muito bem incorporadas nas letras pela maneira criativa como são concebidas), destacam-se o ativismo contra as armas e ao desmatamento, abandono parental, o terrorismo e os diversos tipos de intolerância.

Contando com pouco mais de 50 minutos, a banda monta e produz o álbum com um nível de estética que já é conhecido e tradicional. No entanto, aqui, a banda veste uma nova roupagem ao longo de suas 16 faixas e se reinventa fazendo com que esse álbum mereça uma atenção extra porque ele não precisa apenas ser ouvido de forma descompromissada... Ele precisa ser interpretado em suas mais diversas vertentes, porque trata-se de um trabalho mais inclusivo, intimista e com bastante toques pessoais.

[ TRACKLIST ]

Sunrise

01 Sunrise
02 Church
03 Trouble in Town
04 BrokEn
05 Daddy
06 WOTW / POTP
07 Arabesque
08 When I Need a Friend

Sunset

01 Guns
02 Orphans
03 Èkó
04 Cry Cry Cry
05 Old Friends
06 بني آدم
07 Champion of the World
08 Everyday Life

O flerte audacioso e emblemático com novos gêneros, linguagens e tipos de músicas é evidente e a banda escolheu mergulhar, por exemplo, entrar no mundo árabe (que é um considerável influenciador na construção do álbum) para encontrar uma nova forma de construir e explorar uma nova parte de sua identidade. Além disso, há espaço para versos em francês, rock misturado com batidas árabes, saxofone e doo-wop... Ou seja, não há motivos para reclamar quando à "excentricidade" que abraça o álbum por inteiro e se esforça ao máximo para atrair à atenção do público.

Por outro lado, o que chama à atenção (de forma negativa, mas não a ponto de estragar a qualidade do material) é que apesar de tantas inovações... Em um determinado momento, o álbum perde o bom ritmo e parece se auto reciclar ao longo do seu desenvolvimento. Então, para evitar um erro aparentemente mais notável (se optasse por caminhar por esse mesmo caminho), a produção investe em artifícios que conseguem mascarar alguns elementos relativamente repetitivos fazendo com que eles soem como algo mais "inédito".


(Prévia do show realizado na Jordânia para promover o novo álbum.)

Os ingleses definitivamente voltaram dispostos a oferecer muitas coisas diferentes e - a maneira deles - não se pode negar que eles consegueriam. Apesar desse álbum (que é duplo, dividindo-se em dois lados: "Sunrise" e "Sunset") não ser o mais o mais comercial na discografia da banda (algo que provavelmente não vai ajudar a atrair novos fãs), ele é representa uma das empreitadas artísticas mais ousadas do grupo e certamente este trabalho será muito bem recebido pelo seu público mais fiel.



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